quinta-feira, 9 de maio de 2013

Vento Ventania...

Era o dia 06 de maio, uma terça-feira como todas as outras. Eu tinha feito (ou não) a última prova final do período 2012/2, embora já estivéssemos quase no meio de 2013, e estava muito feliz e ansiosa para aproveitar as maravilhosas férias de 10 dias, antes do início do período de 2013/1. Cheguei em casa uma hora da tarde, cansada e derretendo de calor, dei oi pra mamãe-papai-maninha-titia, almocei feliz e contente, e estava prestes a tirar meu cochilo da tarde (que deveria se converter em um sono profundo), quando escuto mamãe falando "tá chovendo???". Achei aquela pergunta absurda, pois há menos de dois segundos fazia sol e o céu estava limpo. Olhei pela janela do quarto e vi...
Não vi nada. Havia uma nuvem de areia e poeira cobrindo tudo, ventava loucamente, coisas eram arremessadas pelo céu. Eu moro no sétimo andar e vi pedaços de galhos que nunca deveriam chegar àquela altura passarem voando pela minha janela. Ao olharmos na direção da praia, onde tem diversos prédio em construção, tudo o que víamos era uma nuvem gigantesca de poeira.
A primeira reação foi de susto, seguida pela grande dúvida: que diabos estava acontecendo? Aqui em casa, seguiu-se um "diálogo" mais ou menos assim:
-- É chuva?
-- Incêndio!
-- Tempestade de areia! (eu)
-- Caiu um prédio!
-- Furacão!
-- Maremoto? (eu)
-- Fim do mundo?
-- Caiu um meteoro! (eu, mas não falei, só pensei)
Sem contar os gritos da minha mãe de "FECHA AS JANELAS!" e "SAI DA VARANDA MENINA!".
Nas ruas, as pessoas corriam para se proteger. A tampa da caixa d'água de uma casa aqui em frente saiu voando. Uma calha em outra casa se soltou, entortou e só não caiu porque ficou presa em uma árvore. Telhas voavam. Um outdoor caiu e uma placa enorme de uma loja aqui perto ficou pendurada.
Na hora, eu achei que isso estivesse acontecendo só aqui onde moro. Depois descobri que era no Estado inteiro e também no Rio de Janeiro.
E o que era, afinal?
Era uma tal de frente de rajada, uma ventania louca que antecede uma frente fria, e que chegou a 76km/h aqui onde moro. Esse vento trouxe poeira e, claro, areia das nossas poluídas lindas praias. Aqui foi ainda pior, porque o vento passou primeiro pelos prédios em obras e levantou uma nuvem de poeira tão grande que parecia a queda do World Trade Center.
A poeira acabou indo embora, mas o vento ficou ainda por um tempo, e foi diminuindo aos poucos. Vinha em redemoinhos como se fosse um tornado. Depois de um tempo, meus pais saíram de casa e relataram árvores caídas pela rua, sujeira por todos os lados, um homem que ficou pendurado em um andaime e precisou ser resgatado pelos bombeiros. O telhado de um terminal de ônibus desabou, placas saíram voando, árvores foram arrancadas pela raiz, muros caíram, janelas de prédios se quebraram e caíram no meio da calçada, pessoas tiveram que se segurar em postes para não cair, e o mais incrível é que ninguém morreu. Ninguém. As árvores caíram em cima de carros vazios; as janelas não acertaram ninguém; os muros caíram em calçadas por onde ninguém passava.
Para mim, isso foi mais uma consequência do fim do mundo. Confesso que quando vi a nuvem de poeira se aproximando, já estava me preparando mentalmente para meteoros, tsunamis e dinossauros destruindo tudo pelo caminho. Mas não foi dessa vez.
Ainda.

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