quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Teorias Dimensionais, Cosmológicas e Temporais

Uma série de teorias e pensamentos loucos que estão na minha cabeça nesse momento, apresentados sem muita ordem e talvez sem muita lógica:

Nós sabemos que somos seres que existem em três dimensões que chamamos de dimensões espaciais (altura, largura e profundidade), além de existirmos de alguma forma em mais uma, que chamamos de dimensão temporal ou tempo. Mas existem mais dimensões, dimensões que não podemos perceber, que nossos sentidos não permitem perceber. Só porque não percebemos algo, não quer dizer que não exista.
Uma coisa que me intrigou muito quando era criança foi descobrir que certos animais enxergavam cores que os humanos não enxergam, como o infra-vermelho e o ultra-violeta. Uma coisa é imaginar um cachorro ouvindo um som tão alto que não podemos escutar (porque, conforme o som se torna mais agudo, realmente parece que ele vai sumindo); outra é tentar fazer o mesmo com cores. As cores não vão "sumindo" conforme vamos seguindo o espectro. É bem estranho tentar imaginar uma cor tão viva quanto um vermelho ou azul, e que não podemos enxergar. Algo parecido me vem à cabeça quando tento imaginar dimensões tão sólidas quanto essas em que existimos, mas que não podemos ver.
O próprio tempo pode ser uma dimensão na qual só existimos parcialmente. É uma conclusão a que chego sempre que penso nisso. Não é algo estranho o tempo? Uma dimensão pela qual passamos o tempo todo, mas sem nunca enxergarmos nada além do ponto em que estamos naquele exato momento. Como... Como um ser unidimensional passando por uma reta. Ele sabe que a reta está lá, de alguma forma aquela bidimensão exerce influência sobre seu ser unidimensional, mas não pode ver nada além do ponto em que está, e que muda incessantemente. É difícil definir se ele existe naquela dimensão, ou se é apenas influenciado por ela. As vezes eu acho que não existimos na dimensão que chamamos de "tempo", é apenas uma dimensão que percorremos.
Não sei se vocês entendem o que estou tentando dizer. É um conceito estranho para ser explicado assim.
Imaginem, então, que o tempo seja uma quarta dimensão, e que existam seres que existam nessa quarta dimensão - existam de verdade, e não apenas "passem" por ela. Consequentemente, o que chamamos de "tempo" não existiria para esses seres; como seria um universo sem esse tempo? A teoria antiga do Big Bang diz que, sendo a explosão o princípio de tudo, não havia o tempo antes dela, e já é bem difícil imaginar a ausência de tempo em um universo vazio; imaginem em um universo povoado, com seres como nós. Seriam seres realmente eternos, ou haveria uma quinta (ou sexta, ou sétima) dimensão pela qual eles passariam, e que serviria como uma espécie de dimensão temporal para eles? E como seria enxergar um mundo em que passado, presente e futuro tem o mesmo significado de altura e comprimento?
Mais estranho ainda: como esses seres, que vivem na quarta dimensão, enxergariam a nós, que estamos o tempo todo passando por ela? Ou seja, como a reta enxerga o ponto? E como o ponto enxerga a reta? Ele não tem capacidade para ver nada além de outros pontos. Se há um ser que vive todo o tempo ao mesmo tempo (isso está ficando confuso), nós o enxergaríamos ao redor de nós, o enxergaríamos como parcialmente sendo parte de nós, ou simplesmente não o enxergaríamos?
Seriam esses seres que vivem na dimensão tempo, aquilo que definimos como seres sobrenaturais?
Vamos aumentar o número de dimensões; vamos supor que exista um número muito grande (porque "infinito" não é matematicamente bem vindo) de dimensões, das quais existimos completamente em três e parcialmente em uma. Se existem seres que vivem nas outras dimensões, e somente naquelas em que não existimos, jamais um terá como saber da existência do outro (a não ser por algum ser que sirva de ponte). Mas se existem seres que existem, pelo menos em parte, também na nossa dimensão, como os veríamos? Por exemplo, vamos supor seres que, além de altura, largura, comprimento e tempo, também vivenciem mais duas ou três dimensões. Eles existem plenamente nas nossas dimensões, podemos vê-los, toca-los, medi-los. Mas não podemos vê-los por completo, não podemos vê-los como realmente são. Talvez o que eu veja como um corpo seja muito mais do que isso, mas não existe em nosso plano físico - o que, pensando agora, faz com que esses outros seres nos vejam de uma forma bem bizarra. Não consigo imaginar seres que existem em menos dimensões do que nós, pois mesmo os menores seres possuem três dimensões, e existem no tempo. Seria como nos depararmos, de repente, como um ser com comprimento e largura, mas sem profundidade - uma folha de papel, mas não apenas algo "fino", e sim algo que realmente não existisse na dimensão "profundidade".
E se nós mesmos existirmos em mais dimensões do que supomos? Se o que chamamos de "alma" de fato existe, ela só pode estar em uma dimensão a que não temos acesso. Quando dizemos que a alma esta "dentro" do corpo, é apenas uma metáfora - na verdade ela ocupa uma dimensão à qual não temos acesso. E se ela existe por completo na dimensão tempo - e não apenas "passa" por ela - então ela seria realmente imortal; não no sentido de que dura para sempre, mas no sentido de que o tempo não passa, apenas existe assim como o espaço. Não seria algo que dura para sempre, e sim algo que sempre existiu, sem começo nem fim.
E se o que chamamos de alienígenas - se é que existem - também forem seres que ocupam outras dimensões? Nesse caso, eles também ocupam a nossa - se os relatos forem verdadeiros, nós podemos vê-los, tocá-los - mas diversas coisas que são misteriosas em relação a eles talvez indiquem não o domínio de uma tecnologia superior, mas sim a existência em uma realidade além da nossa. Não há nada de sobrenatural nisso; pode acontecer. Isso poderia explicar o fato de seres de mundos muito distantes conseguirem viajar até nós; talvez o sentido de tempo não exista para eles, ou talvez eles peguem atalhos por dimensões que para nós são desconhecidas.
E que poderes teriam sobre nós aqueles que ocupam dimensões que nós nunca poderemos sequer imaginar?
Basta pensar um pouco no universo, e fica fácil perceber o quão limitados e frágeis nós somos, pelo menos em nossos corpos. Talvez a libertação da alma nos faça mais fortes, mas em um sentido que essa existência jamais conseguirá entender em sua plenitude.
Existem evidências de que os animais, e talvez até nós, têm algo que costumamos chamar de sexto sentido. De fato, observando alguns acontecimentos, parece realmente haver uma espécie de "conexão sobrenatural" entre as coisas. A mãe que pressente algo em relação ao filho, o cachorro que adivinha a hora em que seu dono vai voltar para casa, animais que pressentem catástrofes, entre outras coisas estranhas. Talvez essas coisas não tenham nada de místico; apenas sejam coisas que aconteçam em uma dimensão que os sentidos do nosso corpo não consigam captar. Talvez a alma consiga, e é por isso que temos leves experiências desse tipo esporadicamente; talvez os animais tenham uma vivência ainda maior dessa dimensão, e por isso é mais comum que observemos esses comportamentos "estranhos" neles. Talvez exista realmente algo que liga tudo, uma espécie de corda, ou talvez estejamos todos mergulhados em algo, e possamos sentir as reverberações que acontecimentos causam nesse "algo", mesmo separados nas dimensões que nos são visíveis.

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Esse texto termina meio abruptamente porque, como eu disse no início, não passa de uma série de pensamentos que de vez em quando rondam a minha cabeça e sobre os quais gosto muito de conversar, mas que não têm uma forma bem definida. Acabei de assistir dois episódios de Ancient Aliens (History Channel) e um documentário chamado What Happened Before the Big Bang (BBC) que deixaram minha cabeça tão cheia dessas ideias que eu tive que escrever em algum lugar.

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Se esse texto que escrevi está minimamente inteligível, é graças aos meus pais, à Le, ao Glaucio e ao Brenno, com quem eu posso conversar sobre esse tipo de coisa sem parecer louca, e graças aos quais consigo organizar meus pensamentos.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

A Descendência de Adão e Eva

Mesmo quem não lê a Bíblia já ouviu a história: Deus criou o primeiro homem, Adão, a partir do barro, e criou Eva, a primeira mulher, usando uma costela de Adão. Os dois moravam no Jardim do Éden, mas desobedeceram a Deus e foram expulsos de lá. Uma vez saídos do Jardim do Éden, eles perderam sua imortalidade e tiveram a obrigação de se reproduzir. Tiveram dois filhos, Caim e Abel, mas Abel foi morto por Caim. Caim foi obrigado a ir embora para terras desconhecidas, onde se casou e gerou toda a descendência humana. E é aí que começa uma série de equívocos, relatos duvidosos, erros de interpretação e possivelmente manipulação dos escritos originais, que tornam essa história bíblica algo ininteligível.
Antes de prosseguir, aviso novamente que sou atéia (como o nome do blog sugere), logo a intepretação que farei aqui não é religiosa. Mas leio a bíblia há muito tempo, acho um livro interessante com relatos interessantes, que permite interpretações diversas, mesmo se levarmos em conta apenas a questão do registro histórico. Tento aqui apenas fazer uma interpretação da história que é contada, independente de ter acontecido ou não (eu não acredito nela, mas isso não interfere em nada).
Vamos à história. Logo no início do Gênesis (Gn 3.22-24) Deus expulsa Adão e Eva do Éden, e Eva dá a luz a Caim e Abel (Gn 4.1-2). Não é dito, em nenhum momento, em que lugar isso ocorre, nem onde a família está instalada. Por uma razão fútil, Caim mata Abel e Deus o expulsa (Gn 4.8-16). E aí já existe algo errado. Lembrando que estamos lidando aqui com a ideia cristã de um Deus oniciente e onipresente, e que Adão, Eva, Caim e Abel ainda eram os únicos habitantes da Terra, esse trecho não faz sentido. O Gênesis 4.14-16 diz: "Eis que hoje me lanças da face da terra, e da tua face me esconderei; e serei fugitivo e errante na terra, e será que todo aquele que me achar me matará. O Senhor, porém, disse-lhe: Portanto, qualquer que matar a Caim sete vezes será castigado. E pôs o Senhor um sinal em Caim, para que não o ferisse qualquer que o achasse. E saiu Caim de diante da face do Senhor e habitou na terra de Node, da banda do oriente do Éden".
Há duas coisas estranhas com esse relato. Primeiramente, a ideia de que Caim "saiu de diante da face do Senhor" e se exilou em uma terra distante. Mas se Deus é onipresente, seria impossível para alguém "fugir" dele, e a ideia de ir para uma terra distante para se esconder seria absurda. Mas esse não é, nem de longe, a coisa mais incoerente aqui. Lembrando de novo que não havia outros seres humanos além da família de Adão, o que Caim quer dizer quando diz que "aquele que me achar me matará"? Afirmação essa que é corroborada por Deus, ao marcar Caim para que ele não seja morto. Essa afirmação nos leva a duas possibilidades: ou Adão e Eva não foram os primeiros seres humanos, ou não foram os únicos. De fato, continuando a leitura da bíblia, em vários momentos - e não só no Gênesis - podemos concluir que havia outras pessoas, até mesmo outros povos, existentes na Terra, sem nenhuma relação com Adão e Eva.
Continuando a leitura, vemos que em seu exílio, Caim se casou (com uma mulher não identificada) e teve filhos. Já vi algumas interpretações que dizem que essa mulher era na verdade irmã de Caim, mas isso não só não faz nenhum sentido no contexto, como não é citado pela bíblia. A bíblia cita, posteriormente, que Adão e Eva tiveram outros filhos e filhas, e embora algumas interpretações digam que esses filhos nasceram antes da expulsão de Caim, eu não acho isso coerente; principalmente porque ela dá ênfase ao nascimento de Caim e Abel, parecendo querer indicar que eles tinham idades próximas e eram os únicos até o ocorrido. Não é comum que na bíblia se cite um fato para depois se citar o nascimento da pessoa (pelo menos foi o que eu percebi; me corrijam se estiver errada).
Vamos parar de seguir a descendencia de Adão por aqui, porque já cheguei aonde pretendia, e vamos discutir sobre essa questão. A bíblia realmente se propõe a contar a história da criação do ser humano? Ou não seria a história de uma família, uma descendência, de um homem e uma mulher "criados" - não vamos discutir aqui o significado desse termo - por Deus, mas de forma alguma os primeiros, muito menos os únicos seres humanos?
Em várias outras partes da bíblia encontramos relatos que corroboram a segunda hipótese. No Êxodo, é afirmado que o povo de Israel é o povo de Deus (Êx 3.10, entre outros). Teria Deus renegado parte de sua próprias criação? Eu não interpreto dessa forma. Me parece muito mais crível que apenas o povo de Israel representasse realmente a descendência de Adão e Eva; o resto da humanidade (que, me parece, era a maioria da população da época) não havia sido criada por Deus, ou não descendia de Adão e Eva. Se pensarmos que todo o relato da bíblia se passa aproximadamente na mesma região (não são citados, por exemplo, o continente americano ou a Oceania, que eram habitados), isso fica ainda mais claro. Por uma simples questão temporal e geografica, a própria bíblia nos faz deduzir que esses povos, e diversos outros, não pertenciam ao povo de Deus, seja por não terem sido criados por ele, seja por não descenderem de Adão e Eva.
É óbvio que, para aqueles que enxergam a bíblia como uma fonte de verdade, tal afirmação soaria absurda. Deus criou tudo o que existe e Adão e Eva foram os primeiros seres humanos, tendo toda a humanidade descendido deles. Mas uma vez que aqui estou considerando que a bíblia não é mais do que um relato ficcional (ou, no máximo, "levemente baseado em fatos reais"), a hipótese de que a intenção do livro não é relatar a história da humanidade, mas sim a história de um povo - o povo descendente de Adão e Eva - me parece muito crível, e trechos que corroboram isso estão espalhados por todo o livro. É interessante, para quem ficou curioso sobre a questão, pesquisar sobre o assunto. Uma vez que a bíblia é praticamente escrita em código, essa é uma questão que pode nos tomar longas horas de pesquisa e gerar diversas teorias bastante interessantes.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Solidão

Existem pessoas que nasceram para ser sozinhas.
Pessoas que estarão sozinhas mesmo que todas as pessoas do mundo estejam ao seu lado.
Pessoas que estarão sozinhas mesmo que tenham amigos, mesmo que tenham alguém que as ame, mesmo que amem alguém.
Essas pessoas, de certa forma, precisam da solidão.
Algumas vezes essas pessoas podem ter família, ou podem viver vom outras, mas elas não desejam isso. Essas pessoas precisam de uma casa solitária na qual serão o único morador. Elas precisam estar a sós com elas mesmas. Elas precisam sentir que sua solidão tem uma razão de ser, mesmo que não o tenha.
Essas pessoas sentem uma tristeza doce. Sentem um vazio dentro delas que é como o vazio do universo. Essas pessoas olham para as luzes da noite e elas lhe dão recordações de coisas que nunca viram.
O vazio que essas pessoas sentem faz parte delas, e é impossível preenche-lo. Há certa doçura nisso. Há certa beleza em se olhar o céu da noite e sentir o vento te atravessar como se você não existisse.
Normalmente, esse vazio quase não é sentido. É uma dor permanente com a qual essas pessoas aprenderam a conviver desde que nasceram. Esse vazio faz parte delas, é parte essencial de sua existência, sem ele elas não seriam quem são. Mas quando acontece algo e esse vazio é momentaneamente preenchido - existem muitas coisas que podem preenche-lo momentaneamente - a dor se torna muito maior, muito mais perceptível, o vazio se torna ainda mais vazio. Como se o nada pudesse se tornar maior.

Existem pessoas que nasceram para ser sozinhas.
Nada pode preencher de verdade, para sempre, o vazio que existe na alma dessas pessoas.
Mas há uma certa doçura nisso.
Como a doçura de se olhar um céu vazio e ver apenas estrelas distantes nele.