segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Efeitos, Exageros, o Fim do Mundo - e Dragões

No dia 13 do mês passado, fui ao cinema assistir 2012. Ao invés de ir no Shopping Vitória, resolvi ir no de Laranjeiras. Nunca tinha ido lá, e acho que não estava perdendo muita coisa. O shopping é pequeno e um pouco bagunçado. O cinema também era pequeno, mas eu não me importo com isso. Mas não estou aqui para falar do lugar, eu quero é falar do filme.
Fantástico, muito bem feito, etc e etc. O filme é mesmo tudo de bom que me disseram. E exagerado, mentiroso, e tudo o mais de ruim que também me disseram. Mas não acho que os exageros atrapalhem a qualidade do filme - embora seja um pouco frustrante quando o personagem principal (não lembro o nome) cai dentro de um abismo e reaparece depois de alguns segundos de suspense, ou quando ele desaparece dentro d'água e a cena de tensão dura tanto tempo que você já sabe que ele vai voltar - e ele volta mesmo. Mas nada imperdoável.
A história é boa, apesar de seguir a fórmula "mundo acabando com pessoas sobrevivendo". A idéia das explosões solares emitindo neutrinos mutantes que agem como microondas e aquecem o núcleo da Terra foi fantástica, fugindo completamente daquela idéia fácil do meteoro gigante ou do já batido aquecimento global. Só achei que eles podiam ter explorado melhor a relação entre isso e a lenda Maia, ou então nem comentado sobre ela. Ficou só no fundo do fundo do filme, quase imperceptível.
Os efeitos especiais são incríveis, dá vontade de levantar no meio do cinema e aplaudir. Quando eles fogem da cidade de carro, os prédios desabando, eles passando por dentro dos prédios, as pessoas caindo - incrível! E a explosão do vulcão no parque, as ondas gigantes, as arcas - tudo maravilhosamente bem feito. Amei todos as cenas de ação do filme.
Só teve duas coisas, no filme todo, que eu realmente não gostei: a morte da loirinha, mulher do milionário, e a morte do namorado da ex-mulher do principal. A da loirinha eu não gostei porque achei desnecessária; e a do cara eu gostei menos ainda porque foi muito forçada. Ficou muito óbvio que ele só morreu para que o principal voltasse com a ex-mulher sem que ficasse um clima de "você me trocou por ele". Não gostei disso.
Particularmente, durante o filme, simpatizei muito com dois personagens: o radialista louco e o cientista bonzinho (percebam, eu não guardo o nome de nenhum personagem). Não fui muito com a cara do presidente americano, e está aí outra utopia do filme: fosse qual fosse o país, o primeiro a abandonar o barco seria o presidente. Duvido que o Barak Obama fosse morrer heroicamente junto de seu país. Ridículo. Político nenhum faria isso. Aliás, nem eu faria isso. E se você acha que faria, ou você não se conhece muito bem, ou você é muito idiota.

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Na terça, dia 15 de dezembro, eu vi um filme que estava aqui em casa há séculos, mas que eu ainda não tinha visto porque achava que era bobo: Reino de Fogo (Reign of Fire, no original). Nunca um pré-julgamento de algo foi tão equivocado quanto o meu. O filme é ótimo, e está muito longe de ser bobo. Do mesmo diretor de Arquivo-X, conta a história de um mundo (o nosso mundo) tomado por dragões. Mas não tem nada daquelas besteiras medievais, nem os dragões são seres mágicos ou com poderes. A história se passa na época atual, e começa quando, em uma mina em Londres, um grupo de trabalhadores descobre uma caverna enorme, e de dentro dessa caverna sai um dragão.
Os efeitos especiais são ótimos, e o filme é cheio de explosões, ótimas cenas de lutas, destruições e mortes trágicas. Ninguém é completamente corajoso ou covarde, todo mundo mais cedo ou mais tarde faz uma grande idiotice ou comete um erro, e há uma cena adorável dos adultos encenando Star Wars para um grupo de crianças que nunca viu uma televisão.
Outra coisa que gostei é a cena em que, logo depois que o primeiro dragão sai da mina - no caminho matando todos os trabalhadores e deixando o personagem principal, que na época era uma criança, orfão - se mostra o tempo passando, explicando como os dragões se reproduziram rápido e se espalharam pelo mundo, como as autoridades tentaram inutilmente combatê-los, e como eles causaram a quase exterminação da raça humana - levando eles próprios a começarem a morrer de fome.
Apesar de lagartos voadores que cospem fogo sempre parecerem completamente fora da realidade, o filme dá uma explicação razoável para eles. São seres pré-históricos muito desenvolvidos, anteriores aos dinossauros (nessa parte da explicação, não sei porquê, lembrei de um conto de H. P. Lovecraft, cujo nome não me recordo), capazes de sobreviver indefinidamente quando em hibernação, e que estavam em estado de vida latente desde que eles próprios acabaram com toda a vida na terra, a milênios atrás. A parte do fogo é completamente plausível: eles possuem uma glândula que libera uma substância que, em contato com o ar, pega fogo.
O personagem de quem mais gostei foi um dos garotos, que é adotado pelo personagem principal e acaba assumindo a liderança do grupo de sobreviventes. Ele é muito fofo. Gostei também porque mostra muitas crianças, mesmo que nenhuma delas seja focada. É interessante ver que crianças são sempre crianças, e homens são sempre homens, em qualquer lugar, qualquer época e qualquer situação.