segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

O Restaurante

Essa história, por mais absurda que pareça, aconteceu de verdade há algum tempo, com um conhecido meu.
A pessoa em questão vendia produtos de limpeza para restaurantes, lanchonetes, enfim, esses lugares que precisam estar muito limpos. E em mais um dia comum de trabalho, ele foi bater na porta de um bar-restaurante muito conhecido aqui na orla norte da Grande Vitoria, o qual não citarei o nome porque não quero ser processada.
Enfim. Ele foi atendido por um funcionário do restaurante, que o mandou entrar e esperar na cozinha.
A cozinha.
Vamos lembrar que não estamos falando de uma cozinha qualquer. Aquela era a cozinha de um grande restaurante na beira da praia, muitíssimo conhecido e que no verão recebe centenas de turistas, que ali comem felizes, contentes e confiantes. A cozinha de um lugar assim deve ser impecável, certo?
Certíssimo, mas havia uma grande distância entre o que ela devia ser e o que ela realmente era.
A cozinha era toda revestida por azulejos que um dia haviam sido brancos, mas que estavam pretos de sujeira. Havia crostas de gordura e sujeira pelas paredes. Restos de comida estragada em cima da mesa. O chão estava ainda mais imundo.
Nisso, veio a dona (ou gerente, não lembro) do restaurante conversar com meu amigo. Ele explicou que estava ali para vender produtos de limpeza, que trabalhava para uma firma grande, especializada nesse tipo de coisa e etc. Mas a mulher nem deixou ele terminar de falar.
— Nem adianta, aqui a gente não gasta dinheiro com essas coisas não.
O essas coisas se referia a produtos de limpeza adequados a cozinhas industriais.
— Então vocês usam produtos de limpeza comuns? - meu amigo não se surpreendeu, porque na orla do Espirito Santo, principalmente no norte, esse tipo de "descaso" é inacreditavelmente comum. Ele começou, então, a falar sobre como seria muito mais econômico e vantajoso usar os produtos que ele estava vendendo, além de atenderem às normas da fiscalização - coisa que os produtos comuns de supermercado não faziam.
— Nããããoooo. - a dona do restaurante explicou - A gente não compra nada desses produtos de limpeza, não. A gente não gasta dinheiro com essas besteiras. A gente pega essa gordura que sobra e faz sabão com ela. É isso que a gente usa no restaurante inteiro.
Agora, se você for uma pessoa com o mínimo senso de higiene, deve estar fazendo a mesma cara que meu amigo fez na hora, e que eu fiz quando ele me contou.
Vamos recapitular, porque talvez não tenha ficado muito claro: um dos restaurantes mais conhecidos da região possui uma cozinha imunda, e a própria dona ou gerente admitiu que não usa produtos de limpeza adequados "porque é besteira", e ainda usa "sabão caseiro" para lavar a louça, o chão, as mãos e sei lá mais o que.
Talvez você esteja se perguntando como é que a fiscalização não fecha esse lugar?
Meu amigo se fez essa pergunta também. E comentou com a dona:
— Mas vocês não se preocupam com a fiscalização? Se o fiscal da vigilância sanitária aparecer aqui...
A mulher riu. Não é figura de linguagem minha. A mulher literalmente riu.
— Fiscal? Isso não existe aqui não! Eu trabalho aqui a X anos (não lembro quantos anos ela falou) e NUNCA apareceu um fiscal aqui.
Eu não sei a que ponto ela estava exagerando, mas sei que existe uma grande chance de não haver exageros, por causa de outras situações parecidas que eu já presenciei por aqui, e que talvez conte em outra ocasião. Não há fiscalização na orla norte do Espirito Santo. Claro que se alguém perguntar na prefeitura, vão dizer que tem. Oficialmente tem. Mas na verdade não tem. Não mesmo.
Resumindo a história: meu amigo horrorizado (porque ele ia ali direto), eu horrorizada (porque eu ia ali direto), meus amigos horrorizados (porque eu contei para eles e eles iam ali direto), e agora vocês horrorizados porque talvez tenham ido ali e não sabem. Horrorizemo-nos juntos.

* * * * *

E agora você, amiguinho que mora ou vem passear no Espirito Santo, sabe que quando for em um restaurante da orla, existe uma boa chance de que a cozinha dele tenha crostas de gordura na parede e que seu prato seja lavado com banha de porco. Bom apetite.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

07-Ghost para Iniciantes

Esse texto é sobre o anime/manga 07-Ghost, pelo qual eu estou profundamente apaixonada. Não possui spoilers, podem ler sem medo =)



Ambientado em um mundo de fantasia gótica, 07-Ghost conta a história de Teito Klein, um ex-escravo de 15 anos órfão, que  não tem nenhuma lembrança de seu passado e que está prestes a se formar como o melhor estudante da academia militar. Porém, em uma inesperada reviravolta do destino, ele acaba recuperando uma importante memória, se torna um inimigo do Império de Barsburg e passa a ser perseguido pelo exército.
A descoberta de Teito sobre sua verdadeira natureza e seu subsequente desejo por vingança envolvem ele nos assuntos dos próprios Deuses, quando ele se encontra no centro do conflito entre o shinigami Verloren e os misteriosos seres de luz enviados pelo Céu para se opor a ele: os 07 Ghost. Para lutar contra o Império, Teito conta com a ajuda dos bispos da Igreja e de seu grande amigo Mikage.
(Baseado no resumo do mangahere.com, adaptado)



Ok, esse é mais ou menos o "resumo oficial" de 07-Ghost. Para quem quer saber um pouco mais, aqui vai algumas informações e comentários adicionais, sem spoilers.

Que tipo de história é 07-Ghost?

A parte óbvia é que 07-Ghost é fantasia (se passa em um mundo fantástico, onde as pessoas lutam usando um poder chamado Zaiphon, existem deuses, exitem dragões que falam etc). Também é de ação, aventura e drama. Isso você percebe só de olhar a abertura do anime.



Um pouquinho menos óbvio, mas que dá pra sacar logo no primeiro episódio, é que é shonen-ai (relacionamentos entre meninos) (não é gay!). 07-Ghost praticamente só tem personagens masculinos, então todas as interações se dão entre eles (consequentemente, não existe romance na história, mas muito "bromance"). A história foca profundamente na questão da amizade e do companheirismo.



Agora, não é nada fácil encaixar ele em um público-alvo. Eu já vi classificações que vão desde josei (para mulheres adultas) até shonen (para meninos). Como assim cara?
Isso acontece porque 07-Ghost é uma mistura muito louca de gêneros. À primeira vista, pode-se pensar que se trata de um shojo (para meninas), por causa das partes fofinhas e engraçadas, do foco nos sentimentos, do shonen-ai e dos traços belíssimos. Mas apesar disso, esse manga tem uma quantidade de violência, de batalhas, de tecnologias e de explosões que decididamente o encaixam no shonen. E a forma extremamente profunda como os personagens são desenvolvidos, a seriedade de certos assuntos, os relacionamentos familiares e as profundas reflexões filosóficas podem classificá-lo como um manga voltado para um público mais adulto.
Então, se você olhou para o desenho bonitinho e os olhos redondos e achou que era uma história adolescente para garotas, você está errado. E se você olhou para as naves gigantes, para as cenas de lutas e para os monstros e achou que era para meninos, você também está errado.



07-Ghost é sobre sentimentos e sobre amizade, sobre vingança e perdão. É sobre a solidão e o companheirismo. É sobre confiança e fidelidade, sobre medos e coragens. Sua história é agridoce, sem muita preocupação com finais felizes ou mundos cor-de-rosa. Mas toda essa seriedade é equilibrada por cenas totalmente não-sérias e engraçadíssimas, muitas vezes beirando o ridículo. Então na maior parte do tempo não é uma história pesada ou difícil de ler.
Comparando com outros mangas, eu diria que ele lembra um pouco Blood-C ou Ayashi no Ceres em estilo de história (eu sei que esses dois são radicalmente diferentes um do outro, mas os dois têm elementos em comum com 07-Ghost).

O anime ou o manga?

Se você só vai acompanhar um dos dois, eu recomendo fortemente que acompanhe o manga (que terminou no fim do ano passado). A história é mais consistente, não existem falhas nem fillers, e as coisas são melhor explicadas (e para as meninas, tem mais fan-service). Além disso, o anime só vai até mais ou menos o capítulo 25 do manga (são 99 capítulos), então se você só ver o anime vai ficar sem entender muita coisa.
Mas se você vai ver os dois, então você DEVE ver primeiro o anime, e só depois ler o manga. Porque o anime é fantástico (um dos melhores que já vi), mas o manga é muito melhor, tão melhor que faz você ver milhões de defeitos no anime. Além disso, é mais fácil de entender as cenas de luta no anime, e elas são fantásticas.

Quem NÃO deve ler/assistir 07-Ghost?




Ok, prestem atenção porque isso é muito importante: se você ODEIA ver personagens masculinos se abraçando e dizendo "você é tudo para mim" e acha que tudo é "coisa de viado", VÁ EMBORA AGORA! Esse não é o manga para você. Mas Vitoria você disse que não é gay! E não é mesmo, os personagens são héteros até demais (destaque para o Frau, que é um bispo tarado viciado em pornô). Acontece que as autoras, antes de 07-Ghost, costumavam escrever fanfics yaoi. Em 07-Ghost, apesar de não haver nenhum tipo de romance entre os personagens, sobram fan-services com direito a cenas comprometedoras, declarações incomumente sentimentais, piadas internas sobre o "excesso de amizade" entre alguns personagens, e posteres oficiais pra lá de "estranhos" (e é tudo muito pior - ou melhor hehehe - no manga do que no anime). Então, se você não suporta esse tipo de piada ou te incomoda ver muito foco na amizade entre dois homens, delete esse anime e vá ver uma luta de MMA.

Fan service que aparece na história =)



Fan service que NÃO aparece na história (wtf esse pôster)

Além disso, se você não gosta de se emocionar, esse não é o manga para você. Porque você vai chorar. Mas Vitoria eu sou super insensível eu nunca - Você vai chorar. Muito. Muito mesmo. Ele não é uma "novela mexicana" com situações excessivamente dramáticas e exaustivas, mas ele foca nos sentimentos dos personagens de tal forma que você vai rir quando eles quiserem que você ria e chorar quando eles quiserem que você chore. Não adianta. Eu sou fria como uma pedra, mas lágrimas de verdade subiram aos meus olhos quando... Veja e você saberá ;)
Por fim, se você está pensando em ler esse manga porque viu os posteres e algumas capas e está achando que é yaoi ou que existe a menor chance de rolar alguma coisa entre os meninos, esqueça. As autoras adoram provocar a nossa imaginação, mas eles são todos héteros (snif snif).

Isso abre um capítulo mas não tem nada a ver com a história...


Os 07 Ghost *-*

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

O Quase Incêndio

Estava eu aqui no computador, selecionando filmes para assistir, quando comecei a sentir um cheiro que parecia pão queimado. A princípio ignorei, mas o cheiro foi aumentando e aumentando, e eu gritei para a minha mãe, dizendo que alguma coisa estava queimando. Eu sabia que não tinha nada no forno, mas o cheiro estava ficando muito forte. No nível preocupantemente forte.
Como esperado, mamãe gritou de volta dizendo que não tinha nada no forno. Ok, sem motivos para preocupação então. Voltei a procurar filmes para baixar (que eu provavelmente nunca assistiria), quando de repente percebi que o cheiro de queimado não só continuara, como chegara ao nível intolerável. Definitivamente, alguma coisa muito errada estava acontecendo.
Saí do quarto para investigar, e quando cheguei no corredor, ele estava cheio de fumaça (como ninguém mais tinha reparado nisso, eu não sei). Só que a fumaça não vinha da cozinha, e sim do banheiro. Corri para lá e vi que ela estava entrando pela janela.
A primeira coisa que pensei obviamente foi fogo. Eu moro no sétimo andar, e aprendi na escolinha que a fumaça sempre sobe, então em algum dos seis andares abaixo do meu devia haver um apartamento com um pequeno problema de incêndio envolvendo pães queimados. E pela quantidade de fumaça, eu já conseguia visualizar labaredas saindo pelas janelas.
Gritei para o pessoal aqui de casa que tinha um apartamento pegando fogo, e todo mundo correu para as janelas, procurando algum indício de fumaça. E mais uma vez, quem viu primeiro fui eu (eu sou demais): de alguma varanda abaixo do terceiro andar, saía uma quantidade significativa de fumaça. Não dava para ver exatamente de qual andar ela vinha, mas me parecia ser do primeiro, embora cada um aqui opinasse um andar diferente.
Mais uma vez, eu estava certa: a fumaça vinha do primeiro andar. Ótimo, pensei, algum vovô esqueceu a comida no forno e a essa hora deve estar desmaiado no sofá da sala, intoxicado - isso na melhor das hipóteses. Mas apesar de toda a fumaça, não havia nenhum indício de fogo, o que, eu imaginava, era um bom sinal.
Papai desceu correndo para o primeiro andar, para ver o que estava acontecendo. Genialmente, ele desceu pelo elevador. Se alguém aqui já teve algum treinamento contra incêndio (ou tem o mínimo de bom senso) sabe que em caso de incêndio nunca se deve usar os elevadores, mas ok. Ele desceu pelo elevador. Quando as portas se abriram no primeiro andar, ele se deparou com um corredor completamente tomado pela fumaça e um cheiro de queimado insuportável.
Pensem bem: eu moro no sétimo andar, e o corredor do meu apartamento estava cheio de fumaça. Não é difícil imaginar o estado em que ficou o primeiro andar, onde estava a origem do problema. Meu pai viu como estava a situação ali, e então desceu para o térreo (eu teria tentado arrombar a porta, mas felizmente ele não fez isso). Chegando do lado de fora do prédio, ele encontrou ninguém menos do que o dono do apartamento de onde vinha a fumaça. Se seguiu um diálogo mais ou menos assim:
Papai: Eu acho que está saindo fumaça da sua varanda.
Moço: Sim, mas já está tudo bem. Mais ou menos.
E então o homem contou o que acontecera.
Ele trabalha a noite. Pouco antes de sair para trabalhar, ele fez um sanduíche e colocou para esquentar no forno. E aí deu a hora de ele sair, e ele foi embora.
Horas depois, estava ele trabalhando, quando a iluminação despencou sobre ele: o sanduíche! Sai ele correndo do trabalho e percorre todos os quarenta minutos até a casa dele com o desespero de alguém que esqueceu um sanduíche no forno aceso. E quando ele chega em casa e abre a porta, encontra...
Fumaça. Não apenas a fumaça que tinha no nosso apartamento, não a fumaça que meu pai viu no corredor. Porque, quando a fumaça chegou ao nosso apartamento, ele já tinha apagado o fogão há pelo menos meia hora. A fumaça que ele encontrou dentro do apartamento já tinha praticamente vida própria. Era uma fumaça preta sinistra totalmente desproporcional ao tamanho do pão queimado que a causara. E ela tomara o apartamento todo, contaminara cada recanto com seu veneno tóxico.
Obviamente, a primeira coisa que o homem fez foi correr para o fogão e desligar o gás. Curiosamente, nada pegou fogo; a fumaça fora causada apenas pela comida queimada - o que foi uma sorte inacreditável e do tipo que só acontece uma vez na vida. Já vi fogões pegarem fogo por muito menos.
Mas o sanduíche não resistiu aos ferimentos e veio a falecer. Descanse em paz, sanduíche.
Depois daquilo, o homem simplesmente jogou o cadáver do sanduíche fora, abriu todas as janelas da casa, e foi embora. Já estava lá embaixo há quase uma hora quando meu pai o encontrou, e deve ter ficado muito mais tempo. Tudo o que eu sei é que continuou a visivelmente sair fumaça da varanda dele por mais umas duas horas. Se eu fosse ele, teria dormido na garagem e no dia seguinte lavado o apartamento inteiro com cloro. E olhe lá se seria o suficiente.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Os 30 Livros Mais Importantes Para Mim

Ontem foi meu aniversário de 26 anos (apesar de algumas pessoas terem me perguntado se eu estava fazendo 18). Como a gente só faz 26 anos uma vez na vida, decidi que era uma data muito importante e merecia um post comemorativo. Resolvi fazer então uma lista dos 30 livros mais importantes para mim, em ordem cronológica, para que vocês tenham uma ideia melhor dos motivos de eu ser essa pessoa estranha que sou hoje, e possam filosofar em cima disso.
Mas Vitoria por que 30? Por que não 10? Ou 50? Porque eu estou fazendo 26 anos, e dessa forma a lista ainda vai servir para meus próximos 4 aniversários \o/
Mentira, eu ia fazer um top 10 mas no final acabou ficando 30, então deixei assim mesmo. Divirtam-se.

  1. O Menino no Espelho (Fernando Sabino): Eu li esse livro aos 4 anos, e foi o primeiro livro "de verdade" que eu li. Meus avós tinham uma estante cheia de livros, e esse era um deles. Eu era metida a superior e intelectual, e um dos motivos de eu ter lido esse livro foi porque ele era "grande" e eu queria mostrar para todo mundo como eu era inteligente. Por sorte, adorei. Se tivesse sido ruim, talvez eu nunca mais tivesse lido um livro "grande".
  2. A Ilha Misteriosa (Julio Verne): Eu tinha entre 6 e 9 anos quando li esse livro, e para vocês terem uma ideia da importância dele na minha vida, eu só o li uma vez e me lembro da história quase toda. Um dos que me apresentou ao gênero aventura, e também um dos primeiros livros que li que não era infantil. Foi a primeira vez que li um livro de uma faixa etária acima da minha, o que se tornou uma constante nos anos que se seguiram.
  3. Não Olhe Atrás da Porta (Lia Neiva): Livro que me apresentou à literatura fantástica e influenciou profundamente meu estilo de escrita e meus gostos literários. Também foi o primeiro livro de contos que eu li. Todos os contos são de fantasia tendendo para o macabro, e foi o livro que me mostrou que se uma história com final feliz é boa, uma sem final feliz pode ser melhor ainda. Destaque para o conto A Menina que Abraçava o Vento, o qual eu venho tentando reproduzir há muito tempo, sem sucesso.
  4. A Hora das Sombras (Luiz Antônio Aguiar): Quando o reli depois de adulta, percebi que esse livro não tinha nada demais. Mas foi um dos meus livros preferidos durante a minha infância. Foi a primeira distopia que eu li, em uma época em que eu não tinha a menor ideia de que esse termo existia. Também foi a primeira vez em que eu identifiquei alguma referência sexual em uma história.
  5. Histórias Extraordinárias (Edgar Allan Poe): Primeiro livro de terror que eu li. Foi amor à primeira vista. Nunca esquecerei da cara de horror da professora quando fiz um resumo sobre o conto O Gato Preto e apresentei na frente da sala, na 5ª ou 6ª série.
  6. Harry Potter (todos) (J. K. Rowling): Ok, ok, são 7 livros e não 1, mas estou considerando séries inteiras como uma coisa só. Harry Potter me acompanhou dos 13 ou 14 anos em diante, e foi o livro que mais ocupou meus pensamentos durante a minha adolescência.
  7. O Jardim dos Esquecidos (Virginia C. Andrews): Esse livro também faz parte de uma série, mas o único de que gostei foi esse, que é o primeiro. Provavelmente se eu relesse hoje acharia horrível, mas ele foi importante por ter me dado milhares de ideias para cenas e situações que até hoje utilizo na hora de escrever.
  8. Zona Morta (Stephen King): Um dos primeiros livros de Stephen King que eu li, o que é muita coisa. Esse foi um dos meus autores prediletos e marcou muito a minha adolescência. 
  9. Comédias para Se Ler na Escola (Luis Fernando Veríssimo): O primeiro livro que li do meu autor brasileiro preferido. Foi o responsável por me apresentar às crônicas (sem ele, esse blog não existiria). Se eu já consegui fazer alguém rir com alguma coisa que eu escrevi, foi graças a esse livro.
  10. As Brumas de Avalon - todos (Marion Zimmer Bradley): A única versão da história do Rei Artur que eu gosto. Marcou minha fase mística e feminista. Me fez conhecer muita coisa sobre o paganismo. Também foi a primeira vez que eu li uma cena de atração entre dois homens e até hoje lembro dessa cena quando vou escrever alguma fanfic.
  11. Insônia (Stephen King): Naquela época, esse foi de longe o maior livro que eu já tinha lido e proporcionalmente o que eu li mais rápido (mais de 700 páginas em 6 dias), e só isso seria o suficiente para entrar nessa lista. Para completar, aprendi com ele que dá para misturar fantasia louca, magia, crítica social, preconceito, idosos, violência doméstica, feminismo, morte, dimensões paralelas, superpoderes, noites em claro, hospitais e discussões sobre aborto e mesmo assim terminarmos com uma história adulta, interessante e coerente.
  12. O Clube dos Anjos (Luis Fernando Veríssimo): Sinceramente, eu não tenho a menor ideia do porquê desse livro ter entrado nessa lista. Ele me marcou demais, mas eu não sei porquê! Pode ter sido por causa do carinha ex-bonitão ou das pessoas que comem a comida gostosa mesmo sabendo que vão morrer. Enfim, um indício de que a psicopatia já estava presente.
  13. O Grande Mentecapto (Fernando Sabino): Quem me conheceu durante a adolescência, deve ter me ouvido falar pelo menos uma vez nesse livro. Eu o li no mínimo cinco vezes seguidas. Uma obra maravilhosa que não é fantasia mas não se preocupa em nenhum momento em se manter fora do absurdo. E eu só peguei esse livro porque fiquei intrigada com o título...
  14. O Diário de um Mago (Paulo Coelho): Hoje eu não gosto muito dos livros de Paulo Coelho, mas na minha adolescência eu li absolutamente todos os livros dele que já tinham sido lançados. Fiz quase todos os rituais que são descritos nesse livro.
  15. Filha de Feiticeira (Celia Rees): Acho que o que mais gostei nesse livro foi o fato de mostrar uma adolescente que age como adulta com naturalidade. Também me identifiquei intimamente com as cenas em que ela foge para passear pela floresta.
  16. O Guardião (Dean Koontz): Esse livro é inesperadamente bom. Digo inesperadamente, porque a capa é meio estranha (me lembra A Cabana) e eu nunca tinha ouvido falar do autor. Mas foi ele que me fez gostar de histórias envolvendo viagens no tempo e me apresentou ao termo "paradoxo". Também me apresentou à possibilidade de misturar ficção com acontecimentos históricos.
  17. Magos / Encantamentos / Imortais (Isaac Asimov): Esses três livros pertencem na verdade à mesma coleção e são dificílimos de achar. São coletâneas de contos sobre o tema que dá título à cada livro. Mais um da minha época "mística", com eles aprendi muito sobre como escrever literatura fantástica, além de terem me apresentado a vários termos desse universo.
  18. O Alienista (Caleb Carr): Um dos melhores policiais que já li, e do qual eu descaradamente copiei ideias em várias coisas que escrevi. Psicopatas, assassinatos, psicologia, gays e pedofilia. Soa familiar?
  19. O Pequeno Príncipe (Antoine de Saint-Exupéry): Esse livro é para mim o que a bíblia é para muitos. O li no auge da minha adolescência e reli muitas e muitas vezes. Me dá paz de espírito.
  20. Memorial de Maria Moura (Rachel de Queiroz): Uma mulher que age e pensa como um homem. Que é capaz de matar o homem que ama porque sabe que é o certo a se fazer. Uma história onde existem coisas mais importantes do que a vida e muito piores do que a morte. Influência forte para mim, na escrita e na vida.
  21. Contos de Amor Rasgados (Marina Colasanti): Esse. Livro. *-* Esse foi o livro que me apresentou ao surrealismo e sem o qual contos como A Mulher Perfeita, Naufrágio, A Menina da Água, Lápis, Azul, entre outros, simplesmente não existiriam.
  22. Trilogia Fronteiras do Universo (Phillip Pullman): Aqui começa a fase Livros Lidos na Idade Adulta. Primeira vez que li um livro de fantasia escrito por um ateu. Mas esse livro se tornou muito importante também por outro motivo: foi a primeira vez que li um livro junto com amigos meus. Foi uma das melhores experiências que eu já tinha tido.
  23. O Caçador de Pipas (Khaled Hosseini): Esse livro maldito mexeu tão profundamente comigo que nunca mais quero lê-lo de novo.
  24. A Menina que Roubava Livros (Markus Zusak): Esse livro lindo mexeu tão profundamente comigo que quero tê-lo para sempre (sim, para mim ele é igual ao Caçador de Pipas só que ao contrário). Ele me fez deixar de ter medo da morte, então sim, ele foi muito importante na minha vida.
  25. O Guia do Mochileiro das Galáxias - todos (Douglas Adams): Livro que me deu novas influências para humor, além da resposta para todas as perguntas do universo.
  26. As Crônicas de Nárnia (C. S. Lewis): O livro religioso/cristão mais incrível que eu já li na minha vida. Conseguiu me fazer olhar com mais simpatia para coisas como religião e monarquia (!) e me deu grandes lições sobre como escrever um livro infantil.
  27. O Evangelho Segundo Jesus Cristo (José Saramago): Livro que me deu uma base mais sólida para questionar e argumentar sobre religião, que me fez pensar muito profundamente em algumas coisas, enfim, um livro que me mudou em muitos aspectos.
  28. Sandman (Neil Gaiman): Vitória isso não é um livro é uma revista em quadrinhos - dane-se. Sandman é mais um que conseguiu mudar minha vida. Simples assim. E a cada vez que eu releio, ele me muda mais um pouquinho. Neil Gaiman, cara. Neil Gaiman.
  29. 1984 (George Orwell): Um dos livros mais pesados que eu já li. Me fez perceber que finais trágicos podem ser levados a um nível muito mais alto do que eu imaginava. Também me deu novas ideias sobre formas de tortura, e me ensinou que o amor não é mais forte do que tudo. E que não, não é só um livro. É a vida.
  30. Coisas Frágeis (Neil Gaiman): Apesar do nível dos contos desse livro variar bastante, alguns deles são maravilhosos e extremamente perturbadores. Me deu grandes influências para contos de terror e surreais.
Muitos livros excelentes ficaram de fora dessa lista, mas eu garanti que aqueles que me marcaram mais, ou me mudaram de alguma forma, estivessem aí.
Fazendo essa lista, uma coisa engraçada que eu percebi é que tem alguns livros que me marcaram muito, mas eu não sei explicar direito o porquê. É engraçado também o fato de a gente ter fases: muita coisa que li  e adorei na adolescência eu simplesmente detestei quando reli depois de adulta.
Outra coisa curiosa é que, quando criança, eu fazia questão de ler livros destinados a pessoas mais velhas. Já depois de adulta, eu tenho lido uma grande quantidade de livros infanto-juvenis. Sinto que existe uma mensagem oculta nisso, mas não consigo captá-la.

* * * * *

Deixo aqui um agradecimento muito especial à Jordana, minha filha adotiva e autora do blog http://addictionforbooks.blogspot.com.br/. Foi ela quem me deu a ideia para um top 10 de livros (em uma corrente facebookiana que eu ainda não repassei), e sem ela esse post não existiria. Muito obrigada Jo-chan, por ter sido a luz na escuridão da minha criatividade. Continue com as suas resenhas, elas estão melhor à cada dia (leiam leiam) \o/