domingo, 3 de agosto de 2014

[Repost] Jesus, Gente

Estava pensando esses dias, enquanto estava bêbada refletindo sobre o mundo: Jesus era o cara. Sou fã de Jesus, fã mesmo. Se um dia ele voltar, vou entrar na fila pra pedir um autógrafo.
Pra quem não conhece: estou falando do Jesus, aquele cara que foi tipo um Che Guevara da antiguidade. Estou falando do filho da Maria e do José, cara legal, carpinteiro. Ele era muito doido, mas era um cara legal. Sou muito fã dele.
Gente, o cara era fantástico. Sério. Desde pequenininho ele fazia umas coisas muito loucas. Faz tempo que não leio o Novo Testamento – não sou muito chegada nos apóstolos – mas lembro de algumas coisas bacanas. Teve aquela parada da conversa dele com os sábios, que eu sempre achei fantástica. Pra quem não sabe, quando Jesus era criança, durante uma festa de não sei o que (perdão se não for nada disso, já não me lembro), ele se perdeu dos pais, e quando o encontraram, ele estava dentro de um templo, discutindo sobre religião com os grandes sábios do lugar. E ele era um molequinho. Quando eu era pequena, sonhava em um dia encontrar um bando de sábios e ficar discutindo sobre religião com eles. Eu tinha certeza de que, em inteligência, não perdia nada pra Jesus.
Agora, o que me fez virar fã definitiva dele foi aquela história do templo, quando ele já era adulto mesmo e andava por aí cheio de gente seguindo ele, que nem político em propaganda eleitoral. Ou que nem os Beatles. Ele chegou lá no templo, e tinha um monte de gente vendendo tudo quanto é troço em frente, mais ou menos que nem tem hoje nessas igrejas evangélicas. Aí ele ficou muito puto com aquilo tudo e começou a pegar as barraquinhas dos caras e jogar tudo longe, gritando “a casa de meu pai não é casa de comércio!”. Cara, fantástico! Quantas vezes já senti vontade de fazer a mesma coisa. Quando um crente chegar pra mim tentando me entregar esses papeizinhos que eles sempre entregam e eu nunca aceito, vou agarrar ele pelo pescoço e gritar “a casa de meu pai não é casa de comércio!”. Assim, do nada mesmo. Só pra ver a cara dele.
E qual foi a primeira magiquinha do nosso bom amigo Jesus? Foi andar sobre as águas? Não. Foi curar as criancinhas? Nãããão. Foi multiplicar o pão? Muito menos. A primeira mágica dele foi transformar água em vinho! Ele estava lá, em uma festa super animada, e quando o pessoal ficou desesperado porque a bebida tinha acabado, ele falou “deixa comigo!”, e pegou a água que tinha na casa e transformou tudo em vinho. Imagina a festa! Tenho tentado fazer isso já há algum tempo, mas não consegui ainda. Espero que ele volte logo pra me explicar como é que se faz.
Finalmente, depois de fazer aquele monte de troço doido, de fazer até o imperador de Roma (foi isso mesmo?) ficar puto da vida, de quase pôr o império à baixo e fazer a primeira super revolução da história, ele acabou sendo preso. O que, digamos assim, já era de se esperar. E não me ponham a culpa no pobre Judas. Coitado, o cara só tava obedecendo ordens. Tenho certeza de que foi Jesus que chegou pra ele, na calada da noite, e disse “aqui, Judas meu amigo, eu tenho uns planos de ficar famoso fazendo uns truquezinhos, mas pra isso você vai ter que me ajudar”. O cara só foi lá e fez o que tinha que fazer. Afinal, se ele não tivesse feito, Jesus não teria sido preso nem crucificado e não seria conhecido até hoje. Olha só que prejuízo.
Bem, aí ele foi preso. Coitada da Madalena, mulher dele. Ela tava sempre lá, do lado dele, fazendo tudo pra ajudar ele. Figura importante a da Madalena. Enfim, nosso amigo Jesus foi preso. Aí cada um diz uma coisa. Tem um livro muito conhecido por aí que diz que ele foi crucificado e voltou pra fazer uma visita depois de uns dias (e, do jeito que ele era, não duvido nada). Tem gente que diz que a Madalena salvou ele, eles fugiram para a Europa e vivem lá até hoje, cercado de filhos, netos, bisnetos e etc, rindo da gente. Tem gente que jura que ele foi salvo por discos voadores. E tem gente ainda que diz que, quando iam pregar ele na cruz, ele hipnotizou o guarda, fez cair uma chuva de pedras que derrubou todo o exército de Roma, mandou um beijo pros apóstolos, pegou a Madalena e as crianças, subiu em uma carruagem de fogo e foi voando para o céu, de onde começou a chover ouro.
Enfim, eu não sei. Não estava lá pra ver. Provavelmente estava ocupada, tirando fotos pro calendário de Roma.
E, depois de aprontar essa bagunça toda, é claro que o cara ia ficar super famoso. É conhecido até hoje. Tem camiseta com o nome dele. Crucifixo com a estatuazinha dele. Quadros com o retrato de um cara que resolveu se passar por ele, loiro e de olho azul (bem gatinho, mas que não tinha nada a ver com ele, coitado). Jesus é moda. Igualzinho ao Che, como eu disse lá no início. Tem até igreja só pra ele! Por isso que eu digo que, quando crescer, quero ser igual a ele. Assim que aprender aquele truque do vinho, vou começar a reunir apóstolos. Só não vou ressuscitar os mortos. Deixa os mortos morrerem. Já tem gente demais no mundo.
Mas, do jeito que Jesus era, ele arrumava um mundo maior pra caber todo mundo. Se Jesus estivesse aqui, no meio do povo, ninguém morria mais. Ia ser só festa, com muito vinho e muito peixe e muito pão. E ninguém ia ficar bêbado. E nós seríamos grandes amigos. Se ele fosse mesmo gatinho, eu até casava com ele.
Jesus, gente. Sou fã desse cara. Sério.

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A versão original deste texto foi originalmente publicado em 12/05/2009. Esta nova versão sofreu algumas alterações em relação à versão original.

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