quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Quem É Você?

Eu estava em uma festa. Era o tipo de festa em que pessoas como eu vão por algum motivo aleatório e enquanto estão lá ficam o tempo todo se sentindo alienígenas: tocava axé, forró e coisas do tipo, tinha cerveja para todos os lados, e em certo momento os homens começaram a tirar a camisa e a dançar mais do que as mulheres. O tipo de festa que quem gosta de rock, não bebe cerveja e não sabe dançar fica olhando e pensando "que lugar é esse?".
Mas apesar disso, eu, que sou uma pessoa sempre alegre e positiva, estava me divertindo. Comecei a dançar - ou melhor, fingir que dançava - com um amigo meu, e nessa hora um cara que eu não conhecia chegou perto da gente e deu um tapinha no ombro do meu amigo, falando:
-- Isso aê rapaz, pegando geral heim!
Nós dois começamos a rir. Pela intimidade com que ele falara com o meu amigo, eu achei, obvio, que eles se conhecessem, por isso entrei na brincadeira e falei:
-- Isso aí, ele tá me pegando. Mentira cara, ele é meu irmão.
Não sei direito porquê falei isso, mas acho que pensei que era mais fácil do que tentar convencer ele de que éramos só amigos. Todos riram, e o cara falou "Po, é mesmo? Foi mal!", e eu "Não, tudo bem". Ele foi embora, e eu ia falar para o meu amigo "depois você fala pra ele que eu tava brincando", mas antes que eu dissesse, meu amigo falou:
-- Eu nunca vi esse cara na minha vida.
Fiquei olhando para ele com uma cara de "como assim?". Imaginem uma pessoa chegar falando com outra como se fossem amigos de infância, e você não tem a menor ideia de quem ela é. A última vez que lembro disso acontecer foi no maternal.
Coisas estranhas acontecem nessas festas.

* * * * *

Eu estava em uma festa, do mesmo gênero da outra. Já era fim de festa e as pessoas estranhas estavam ainda mais estranhas. Por algum motivo misterioso, eu estava conversando com um cara que (mais misteriosamente ainda) se "apaixonou" por mim. Ele me fez declarações de amor, me pediu em casamento e disse que ficaria comigo pelo resto da minha vida (mas em nenhum momento perguntou meu nome, e não tenho certeza se perguntei o dele). Como eu estivesse em dúvida quanto ao pedido de casamento, ele me pegou pela mão e disse que ia me apresentar para todas as pessoas que eram importantes para ele. Me levou até um grupo de rapazes, e se seguiu o seguinte diálogo:
-- Aqui, essa é a minha noiva.
-- Sério? - eles me cumprimentaram - Que legal cara.
-- A gente se ama muito. A gente vai casar.
-- Sério? Nossa que ótimo. - um dos caras virou para mim - Olha, pode casar com esse cara que ele é muito gente boa. Você vai ser muito feliz.
Diante de tantos argumentos, acabei aceitando o pedido de casamento. Em uma hora q ele saiu para pegar cerveja e me deixou sozinha com os outros meninos (que começaram a me fazer propostas de casamento também), eu perguntei se eles estudavam juntos. Aí eles disseram:
-- Eu nunca vi esse cara na minha vida.
Dessa vez não perguntei "como assim?" porque já estava me acostumando com isso. Acabou que meu "marido" demorou para voltar e me casei também com um dos rapazes. Ele descobriu, mas no final ficou tudo bem, afinal eram todos amigos de infância. Mesmo que nunca tivessem se visto e nunca mais fossem se ver.
Coisas muito estranhas acontecem nessas festas.

* * * * *

Eu ia contar ainda sobre outra festa, em que todas as meninas começaram a dar selinhos umas nas outras e eu fui discriminada por não querer participar da "brincadeira", mas é desagradável demais e não entra no tema de "quem é você?", então deixa pra lá.
Definitivamente, coisas muito estranhas acontecem nessas festas.

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Por que eu vou nessas festas?

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