segunda-feira, 19 de agosto de 2013

[Resenha #008] Quando as Bruxas Viajam - Terry Pratchett

Resenha também publicada no Skoob. Você pode ler mais sobre o livro clicando aqui.

TRÊS BRUXAS CONTRA UM FINAL FELIZ

Uma fada madrinha obcecada por histórias e finais felizes implanta uma ditadura de contos-de-fada em uma cidade. Com a morte da bruxa que era a segunda fada madrinha, três bruxas herdam a responsabilidade de ir até lá e impedir que o final feliz aconteça.
Décimo segundo livro da fantástica série Discworld, Quando as Bruxas Viajam segue os moldes dos outros livros da série: muito humor inteligente, comentários irônicos por todos os lados, e uma quantidade de trocadilhos que deve ter tirado o sono dos tradutores. Porém, ele peca em um aspecto importante: o desenvolvimento da história.
O próprio enredo já é um pouco confuso. No início do livro, é muito difícil entender o que está acontecendo ou qual é o foco da história. E o problema é que a história tem dois focos (ou dois "momentos"): o primeiro, que vai mais ou menos até a metade do livro, é a viagem das três bruxas - Vovó Cera do Tempo, Tia Ogg e a "madrinha" Margrete - pelo "estrangeiro" até o reino de Genua; e o segundo, que é o que realmente importa, em que uma bruxa - ou fada madrinha - obcecada por contos-de-fada está fazendo histórias acontecerem e obrigando as pessoas a serem "felizes para sempre", independente da vontade delas.
O segundo foco é genial. O primeiro, nem tanto. E com isso, metade do livro acaba se tornando lenta, um pouco chata e aparentemente desprovida de objetivo. A viagem das bruxas até tem momentos engraçados, mas como eu disse, nessa parte é muito difícil entender aonde o livro quer chegar; por isso, em muitos momentos você pensa "é engraçado, mas e daí?", ou acha as personagens apenas irritantes.
Por outro lado, após a metade, as coisas começam a ficar mais claras - e aí o livro se torna muito interessante. Descobrimos mais detalhes sobre as intenções de Lily, a fada madrinha má; descobrimos quem são vários personagens que aparecem momentaneamente no início do livro; e descobrimos, afinal, a que o livro veio. E Terry Pratchett finalmente se mostra em toda a sua genialidade.
Quando as Bruxas Viajam é um livro sobre a vida real, e como ela não deve ser um conto-de-fadas. Ele questiona o que o "foram felizes para sempre" realmente significaria na vida real. E, mais profundamente, nos faz pensar no que significa ser feliz. Tudo isso de forma engraçada, irônica e genial.
Resumindo, esse não é um dos melhores livros da série Discworld, mas vale muito a pena ler. E vale a pena insistir, mesmo que o início não pareça muito empolgante, porque algumas frases ditas perto do final são do tipo que nos fazem ficar pensando a respeito durante muito tempo.

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