quinta-feira, 6 de junho de 2013

Sonhos Lúcidos

Dia desses eu cheguei da faculdade na hora do almoço, e estava cansada. Depois do almoço resolvi aproveitar que não tinha aula e dormir um pouco. Cochilei, e fui acordada por meus pais dizendo que estavam saindo. Me despedi, eles foram embora e eu continuei deitada, voltando a dormir.
Só que eu não dormi. Ou melhor, não completamente. Eu fiquei deitada por cerca de quinze ou vinte minutos, de olhos fechados, mas por algum motivo acordei parcialmente - provavelmente porque estava com calor - e aí começou uma das experiências mais estranhas que já tive.
Eu estava inegavelmente acordada, embora continuasse de olhos fechados e sem me mexer, e escutei a porta da sala ser destrancada e aberta. Confusa, pensei que fosse meu pai, mas por algum motivo esse pensamento logo mudou para a certeza absoluta de que era um ladrão. Escutei alguém andar pelo corredor e falar baixinho com outra pessoa. Escutei alguém mexer na cadeira. Tensa com a possibilidade de ter um estranho na casa, comecei a fazer planos: pensei em fingir que dormia, e quando a pessoa chegasse no quarto eu pegaria o rádio que estava ao lado da cama e jogaria em cima dela, assim como tudo o mais que estivesse a mão. Não era muito inteligente mas era um plano.
Ouvi a pessoa se aproximar pelo corredor, mas depois de um tempo não ouvi mais. Abri os olhos e não vi ninguém. Fechei os olhos de novo e passei a ouvir as vozes e os passos no outro quarto. Resolvi que ficar deitada me fingindo de morta não era uma opção, e tentei levantar. Só que eu descobri que era impossível levantar.
Eu estava completamente paralisada. Não conseguia mover um único músculo. Estava deitada de lado, e não conseguia me virar, mover o braço, nem mesmo mover a cabeça. Aquilo começou a me dar uma sensação de sufocamento e uma pressão no peito, eu comecei a entrar em desespero, achei que se as pessoas na casa percebessem como eu estava elas iriam me matar. Seria frustrante morrer paralisada. Então, ao pensar em por que eu não podia me mover, a primeira coisa que me veio na cabeça, é claro, foram os aliens (finalmente eles vieram!). Mas um segundo depois outro pensamento me veio. Eu não estava conseguindo me mover porque eu não estava acordada. Eu estava dormindo.
A consciência daquilo era bizarra demais. Eu estava acordada, mas uma parte de mim, uma parte que comandava noventa por cento de mim, estava dormindo. Provavelmente as vozes e os passos eram fruto de um sonho. Eu estava paralisada e presa dentro de um sonho lúcido, uma coisa que eu já tinha tentado fazer de propósito mas nunca tinha conseguido.
Saber disso não fazia a situação ser menos pior, porque também não tinha controle sobre minhas emoções. Tentei me mover de todas as formas, mas quando tentava caía em um torpor, como se eu estivesse prestes a dormir de vez. Continuei lutando, até que finalmente consegui romper o que quer que fosse que me segurava, e me sentei de uma vez na cama. Fiquei completamente zonza e caí de novo, mas agora eu estava acordada de verdade, e tudo sumiu: as vozes, os passos, a paralisia, até a sensação de medo.
Tinha sido um sonho lúcido, ou talvez uma paralisia do sono. Eu estava acordada, mas fora tudo um sonho.

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Depois que acordei a sensação de terror foi pro espaço, e comecei a pensar sobre sonhos lúcidos e paralisia do sono. O que eu tive parece ser um estágio intermediário entre as duas coisas. Acho que seria interessante tentar provocar um sonho lúcido em um ambiente controlado. O problema é que ao invés de um sonho, você pode muito bem ter um pesadelo. E dependendo da profundidade do sonho (o meu era muito profundo), você perde o controle sobre ele e não consegue guia-lo, o que pode ser bem desagradável.

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Para quem quiser saber mais (porque Vitoria também é cultura!):

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