sexta-feira, 27 de setembro de 2013

O Palhaço

Isso aconteceu com a minha irmã, logo a narrativa é dela.

Eu estava sozinha no ponto de ônibus, encostada na mureta que separa a calçada do mar, quando eu vejo, ao longe, um palhaço.
O palhaço estava usando óculos escuros (!) e aqueles sapatos enormes de palhaço. E ele veio vindo na minha direção, andando igual ao Charles Chaplin, só que sem a bengala. A primeira coisa que pensei foi "Ok, normal. Ele deve entrar em algum ônibus pra vender coisa, fazer propaganda, sei lá".
Enquanto via aquele palhaço comecei a me lembrar de um episódio de Supernatural em que o Sam tinha medo de palhaço, e na época eu fiquei me perguntando porquê alguém teria medo de palhaço. Só que sozinha num ponto de ônibus, vendo aquele palhaço vindo na minha direção, e ainda por cima de óculos escuros, eu comecei a achar que ele tinha um pouco de razão. Palhaços podiam mesmo ser um pouco assustadores.
E o palhaço veio se aproximando, se aproximando, e eu pensando "o que será que ele vai fazer?". E ele parou na minha frente, muito perto de mim, praticamente na minha cara, e ficou parado, me olhando. E ele estava com aquela maquiagem de palhaço e os óculos escuros, então eu não conseguia ver a expressão dele, era assustador!
Logo que ele chegou eu levei um susto, e fiquei olhando para ele, e ele continuou olhando um tempão pra mim. E ele era grande, e eu fiquei pensando "ok, esse palhaço de óculos escuros parou aqui bem perto de mim e ficou me olhando, ele vai me agarrar".
Na hora eu achei que ele tinha me confundido com alguém. Só que se fosse uma pessoa normal, na mesma hora ia falar "opa, eu te confundi com alguém, foi mal" e ia embora. Mas não, ele ficou parado ali um tempão, nós dois nos encarando, e eu pensando aimeudeus que que ele vai fazer????.
Depois de muito tempo me encarando, ele me deu dois tapinhas no ombro e saiu. Sem dizer nada. Simplesmente seguiu seu caminho, indo pro outro lado do ponto, e eu fiquei olhando pra frente, pensando "ok, o que foi isso?". Ainda fiquei com medo de que ele pegasse o mesmo ônibus que eu, sentasse do meu lado e ficasse a viagem toda me encarando; mas ele saiu primeiro que eu, e nunca mais o vi.

* * * * *

Essa é a prova de que o dom de atrair coisas estranhas em ônibus (ou pontos de ônibus) é de família.

Nenhum comentário: