quinta-feira, 28 de março de 2013

Ratos!

Era um sábado e eu não ia trabalhar naquele dia, mas por uma série de razões estava perto de onde trabalho, e resolvi passar lá para beber água. Junto comigo vinha o Rafael, que não tem muita importância nessa história mas que pode servir como testemunha.
Só havia duas pessoas trabalhando (Jonathan e Manel), e ambos estavam dentro do laboratório. Devia haver uns 10 usuários nos computadores. Eu dei um "oi" para os meninos e fui para o bebedouro, que fica do lado de fora do laboratório.
Enchi uma canequinha de água e fui para perto da porta da secretaria, enquanto o Rafael também bebia. Enquanto bebia a água, comecei a sentir um cheiro ruim, que não era muito forte mas era o suficiente para incomodar: parecia algo estragado, ou água suja que fica parada muito tempo. E parecia vir do bebedouro. Comentei com Rafael, mas ele disse que não sentia nada. Entrei na secretaria e fiquei procurando a fonte do cheiro, achando que alguém poderia ter esquecido comida ali, mas não tinha nada, e ali o cheiro ficava mais fraco. Saí da secretaria e fiquei tentando localizar o cheiro, mas não consegui. Disse para o Rafael que ele parecia vir do bebedouro e perguntei se não havia água empoçada ali, mas ele olhou atrás e dos lados do bebedouro e disse que não havia nada.
Já conformada com a ideia de que estava tendo alucinações, fui encher a canequinha de novo, porque estava um calor infernal e eu ainda estava com sede. Enquanto fazia isso, senti o cheiro ficar indubitavelmente mais forte.
-- Não é possível. - comentei com Rafael - Tenho certeza de que o cheiro vem daqui, mas não sei de onde...
Enquanto dizia isso, olhei atrás do bebedouro, como Rafael já havia feito.
Pra quê.
Eu podia simplesmente ter bebido minha água e ido embora ali, e dane-se o cheiro. Mas não, eu tinha que investigar. Tinha que olhar atrás do maldito bebedouro.
Ali atrás, no chão, colado ao bebedouro, havia um rato.
Um rato enorme.
Gigantesco.
Apesar de não me considerar um poço de coragem, eu não tenho medo de bichos de uma forma geral. Não tenho medo de baratas, lagartixas, besouros e sei lá mais o que que as pessoas costumam ter medo. Só tenho medo de coisas que me oferecem perigo real: um cachorro que avança para mim, um leão, esse tipo de coisa. Já enfrentei ratos mais de uma vez, e em todas venci. Com certeza, não tenho medo de ratos, não de uma forma genérica.
Mas aquele rato me deixou muito assustada.
Pra começar, exageros à parte, ele era realmente muito grande. Ia de uma ponta à outra do bebedouro, fora o rabo. Parecia aqueles ratos gigantes de esgoto (não sei se vocês já tiveram o desprazer de se deparar com essas criaturas). Além disso, Cheirava pior do que qualquer rato que eu já tivesse visto, e estava atrás do bebedouro em que eu acabava de beber água. Isso era muito, muito assustador.
Sem conseguir falar direito, fiz sinais frenéticos para que Rafael olhasse atrás do bebedouro, murmurando "rato!". Ele olhou, e dessa vez viu o bicho. Eu corri para dentro do laboratório, em dúvida do que fazer, mas com uma certeza: eu tinha que me controlar. Não podia sair gritando pelo laboratório, não podia assustar os usuário. Felizmente, eu sou uma pessoa absurdamente controlada, o que muitas vezes é irritante, mas naquele momento era uma benção. Acenei frenéticamente para o Manel, chamando-o, mas ele estava atendendo uma usuária e não pôde ir ver o que se passava; fui então até o Jonathan, que estava sentado em um dos computadores destinados aos funcionários, e murmurei de forma totalmente caótica para ele que havia visto um rato atrás do bebedouro, e o mandando desesperadamente ir lá tomar alguma atitude. Quando estava saindo do laboratório, Manel estava indo ver o que estava acontecendo, e eu falei com ele no mesmo tom completamente desconexo, contando sobre o rato. Saí do laboratório seguida pelos dois, apontei para o bebedouro murmurando "ali, ali!", e corri para perto da secretaria. Os três meninos (Jonathan, Manel e Rafael) ficaram na frente do bebedouro, preparando-se para o confronto.
Não sei se um deles bateu no bebedouro, mas de repente o rato começou a se mexer. Eu corri para a secretaria e peguei uma vassoura, que entreguei para o Jonathan. Ele tentou bater no rato, e o rato saiu correndo de trás do bebedouro, indo em direção a mim, que estava na porta da secretaria.
O que se seguiu foi um pequeno caos. Eu gritei - aquele tipo de grito que só uma mulher em pânico consegue dar, mas não tão potente quanto os gritos que a minha irmã dá quando está em pânico - e bati a porta da secretaria antes que o bicho entrasse (comigo dentro, é óbvio); ao se ver sem saída, o rato foi para baixo das cadeiras da recepção, e então pulou - sim, pulou - para cima de uma das cadeiras, em seguida ficando de pé sobre duas patas e dando guinchos apavorantes, o que me fez gritar novamente, mesmo estando segura dentro da secretaria. Bravamente, o Jonathan, armado com a vassoura, atacou o rato, que pulou da cadeira e correu para fora dali, sumindo no meio do mato lá fora.
Demorou alguns segundos para que eu resolvesse sair de dentro da secretaria. Não sei se os usuários perceberam algo (alguém deve ter visto, com certeza), mas pelo menos ninguém entrou em pânico. Dei os parabéns aos meninos pelo feito heroico, e sumi dali, com o Rafael. Não ia querer chegar perto daquele lugar por um bom tempo

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Agora, me digam: com três homens ali, além de sei lá quantas pessoas que estavam no laboratório, porque eu, justo eu, tinha que encontrar o maldito bicho?

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Meninos, vocês serão para sempre os meus heróis.

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