sábado, 27 de janeiro de 2007

Um Pouco Sobre o Amor

Existe uma coisa mais forte do que qualquer lei. Muito mais forte do que qualquer casamento. Algo que cria. Algo que destrói. Algo que, sozinho, pode mudar alguém. Pode matar alguém.
Essa é a única coisa que pode sobreviver com o tempo. Todo o resto se vai, ele fica. Os pais se vão. Os filhos se vão. Nós vamos. Mas ele fica. Firme, forte, líquido.
Líquido. Ele é como a água. Assume a forma daquilo que o contém, seja um amante ou um amigo. A substância é a mesma, nós é que a enxergamos diferente.
Vai-se o desejo. Vai-se a beleza. Mas ele fica. Vai-se o casamento. Ou talvéz nunca venha - o casamento é uma forma de escravidão. Ele não é escravo. Ele é livre, tem asas, voa.
Pobre daqueles que não o veem, ou que fogem dele. Pobre daqueles que têm medo de prender-se. Pobres daqueles que têm medo dos filhos. Esses jamais serão livres.
Nunca renegue alguém a quem você se entregou. Quando estiver prestes a ir embora, quando a porta estiver aberta, lembre-se que um dia o sol vai se pôr. Lembre-se que mais tarde vai chover - e talvez você não tenha um lugar para onde voltar.
Lembre-se que você também chora. Lembre-se que você tem um pai. E se lembre do seu filho - mesmo que não o conheça. Porque, um dia, você vai precisar de um dos dois - e talvez não tenha nenhum.
Quando ele se vai, não volta mais. A partida é mais eterna do que a morte. Enquanto ele existir, há perdão. Mas, quando se vai, só resta o silêncio. O frio.
Ele não se acaba sozinho, nós é que o matamos. Nós o trocamos pelo dinheiro. Pela preguiça. Por uma festa. Jogamos ele fora a troco de nada, por medo de envelhecermos.
Envelheça. Nós não duramos para sempre. E não, você não é um adolescente. Nem aquela pessoa ao seu lado - então pare de fingir. Não jogue fora uma vida por causa de uma noite. Não deixe seu filho esperando sozinho - esteja sempre ao lado dele. E se lembre de quem te ajudou a fazê-lo: essa pessoa precisa de você mais do que você imagina.

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