sexta-feira, 7 de setembro de 2007

My Life is Music - parte 2

Mais ou menos nessa época, tive outro contato imediato com o rock. Eu estava no carro, o dia estava lindo e melancólico, e nós estávamos subindo uma serra. O rádio estava ligado. Então, de repente, sem mais nem menos, começou a tocar algo, uma música, linda, incrível, indescritível - Unforgettable Fire, do U2. Fiquei em choque. Me senti como um ateu que de repente se descobre a reencarnação de Jesus Cristo. "Nossa, mãe, que música linda!". "É rock", diz mamãe, "eu não gosto". E desliga o rádio. Mas já era tarde: a melodia estava gravada para sempre em meus ouvidos.
Aos dez anos, fui para uma escola pública. Lá, aprendi a gostar do que o povo brasileiro gosta: forró, música baiana - e, finalmente, o funk. O funk foi o auge da minha infância musical. Eu respirava funk. Quanto mais frenético o ritmo, melhor. Não importava que a letra fosse estúpida e o som fosse repetitivo. Eu queria o barulho, só o barulho.
Também nessa época percebi que não gostava de música estrangeira. Eu gostava de cantar, e não podia cantar em uma língua que eu não conhecia. E ponto final.
Aos 13 anos, mudei novamente de escola. Lá, conheci um professor que tocava violão e adorava Legião Urbana. Eu não conhecia Legião Urbana, mas fiquei curiosa sobre a banda. E, um dia, fui apresentada à música Faroeste Caboclo.
Foi mais uma revelação. Deus, o que era aquilo? Havia algo muito forte naquela música enorme, um quê de genialidade, que eu sentia mas não conseguia definir. Eu era nova demais, e aquela música mexeu profundamente comigo.
Eu ainda era muito eclética, mas comecei a me interessar de forma especial por Legião Urbana. Em pouco tempo, conhecia mais músicas deles do que de todas as outras bandas juntas. Algo em mim estava mudando.
Até que chegou o dia. Aquele dia. Eu estava no quarto, lendo, e mamãe estava na cozinha ouvindo o rádio. Eu não estava prestando atenção, até que começou a tocar algo muito familiar. Corri para a cozinha: no rádio, tocava Malandragem, de Cássia Eller. Quem sabe eu ainda sou uma garotinha... Exatamente como a sete anos atrás. Mas algo em mim mudara. Tudo se concluiu naquele instante. Tudo o que vinha acontecendo dentro de mim se resolveu no momento em que eu escutei aquela música pela segunda vez.
Eu não era mais uma garotinha.
Foi o fim da minha infância musical.

Continua...

Um comentário:

Richard disse...

Nhaaa T.T

De nada adianta vc lançar um post novo, se vc sempre termina ele deixando akela vontade de ler o próximo, q só deus sabe qdo virá!!!
;D

Eu confiro seu blog umas 4x por semana... u.u



理查 Richard