sábado, 12 de maio de 2007

Um Pouco Para Minha Mãe

Ainda hoje me lembro de quando tinha três ou quatro anos, e só dormia se minha mãe estivesse do meu lado. Não era medo de escuro, muito menos carência: era o medo, o maior de todos os medos, de que ela desaparecesse.
Por que ela desapareceria? Não sei hoje, e sabia bem menos naquela época. Mas certos medos não precisam de um porquê. Eu tinha medo de que, durante a noite, a escuridão engolisse minha mãe e a levasse para algum lugar distante. Mesmo dormindo ao lado dela, abraçada a ela, eu achava que ela poderia sumir a qualquer momento, me deixando sozinha para sempre.
Naquela época, ela sempre cantava para mim dormir. A vóz dela era a mais bonita de todas, e tinha uma espécie de magia que me levava para outros mundos. Havia uma canção, da qual me lembro até hoje, que falava sobre Nossa Senhora, a Mãe do céu. Para mim, a mãe da canção não era a santa, e sim a minha mãe. Porque minha mãe era a mais bonita de todas as santas do céu, e eu sabia que ela era um anjo, que viera à Terra tomar conta de mim.
Isso foi há muito tempo. E há muito tempo eu não durmo ao lado de minha mãe, e ela não canta mais para mim. Muitas coisas mudaram, comigo e com a gente. Às vezes nós brigamos, às vezes ficamos dias sem nos ver. Eu passo dias fora de casa, e só a vejo nos fins de semana. Já estou grande demais para chorar no colo dela, orgulhosa demais para pedir ajuda, ocupada demais para dar atenção.
Mas... Não sei se ela sabe que eu me lembro de cada momento ao lado dela, de tudo o que ela fez por mim. E ainda hoje, antes de dormir, eu fico pensando se ela não vai desaparecer durante a noite. Às vezes, tenho vontade de ir ao quarto dela, de ver como ela está, se está tudo bem. Mas não vou, sou orgulhosa. Não quero que ela saiba o quanto eu preciso dela, e tenho quase certeza de que ela não precisa de mim.
Se um dia ela for embora, eu não sei o que vai ser de mim. Porque ela é forte, mas eu não tenho quase nada da força dela. Eu sou fraca, muito fraca. E mesmo assim quero cuidar dela, quero protegê-la. Eu a vejo tão cansada, fazendo tanto por mim, e me pergunto se vou conseguir fazer tudo o que quero por ela.
Tudo, sinceramente, tudo o que eu faço é pensando principalmente nela. Se hoje eu passo o dia estudando, se eu me mato para conseguir dinheiro, se eu quero ser a melhor no que eu faço, é pensando nela. Meu maior sonho é poder dar a ela a vida que ela merece, dar a ela muito mais do que ela espera ter. E meu maior medo é que eu nunca consiga fazer isso.
Ela talvez não acredite que eu queira realmente isso. Mas ela não sabe o quanto eu a amo, e o quanto eu agradeço a ela por tudo. E eu juro, por tudo o que existe, que nunca vou abandoná-la. Talvez, às vezes, eu pareça distante, e talvez até me afaste; mas não vou abandoná-la nunca.

5 comentários:

KahSilva disse...

Diga tudo isso à ela.Nós até podemos saber que as pessoas nos amam, mas é sempre muito ouvir.Crie coragem e diga a ela o quanto ela é importante prá você,quanto você a ama.faça isso agora, prá não se arrepender depois, pois nunca sabemos quando quem nos ama pode nos deixar.Torço por vocês,de verdade.Um beijo e linda semana!!!

KahSilva disse...

Passei prá desejar-te um lindo final de semana!!Beijos!!
PS:vamo atualiza moça...

Anônimo disse...

ei C... Vitória ;P
Meio... hã... depressivo teu blog, mas legais os posts, você escreve bem. xD
Só passando aqui pra dar um oi mesmo o/

Anônimo disse...

aline ai em cima ^^

KahSilva disse...

Vamos atualizar genteeee!!Beijos!!