terça-feira, 9 de abril de 2013

[Resenha #005] Brisingr (Ciclo da Herança - Livro 3) - Christopher Paolini

Resenha originalmente publicada no Skoob. Você pode ler mais sobre o livro clicando aqui.


LUTAS, REVELAÇÕES E CONTEMPLAÇÃO

Lutas, revelações... e muita contemplação. Brisingr, o terceiro livro do Ciclo da Herança de Christopher Paolini, mostrou-se diferente dos livros anteriores - para o bem e para o mal. É repleto de acontecimentos importantes e grandes revelaçõs; por outro lado, é um dos mais difíceis e cansativos de ler.
A história começa um pouco depois do fim do segundo livro, com Eragon e Roran viajando para a fortaleza dos Ra'zac, para resgatar Katrina. A partir daí, uma série de acontecimentos cruciais e importantíssimos se segue durante todo o transcorrer do livro.
O início e o fim do livro são repletos de ação. Já o meio, que corresponde a cerca de sessenta por cento da história, é completamente parado. O autor se foca no desenvolvimento psicológico dos personagens, em seus conflitos internos, e no amadurecimento das relações entre eles. Isso enriquece o livro, torna a leitura mais saborosa e dá profundidade aos personagens; por outro lado, muitas vezes é cansativo ao ponto de se tornar irritante.
Apesar de ser necessário um "mergulho" nas mentes dos personagens, seria realmente preciso tomar um capítulo inteiro e mais parte de outro com Eragon correndo de um lado para o outro pelo acampamento dos Varden, preparando-se para partir para as montanhas onde vivem os anões e atormentando-se por se separar de Saphira? E seria realmente interessante gastar um capítulo inteiro descrevendo a cerimônia de coroamento dos anões? E por que é preciso descrever tudo o que está sobre a mesa a cada refeição que os personagens fazem? No transcorrer dos outros livros, já havia sido possível ter uma boa noção dos costumes dos povos da Alagaesia; a maioria dos leitores não irá apreciar ler páginas e páginas seguidas de descrições de jantares, mobiliários, roupas, entre outras tantas descrições que se prolongam além da conta. Ainda não chega ao nível de um O Senhor dos Anéis, mas já é irritante.
Por outro lado, a história tem seus pontos positivos, e são muito. As duas separações traumáticas que Eragon e Saphira são obrigados a enfrentar mostram de forma tocante o quanto é profundo o relacionamento dos dois (me lembrou a relação entre um humano e seu daemon, na trilogia Fronteiras do Universo). Há também grandes batalhas, acertos de contas, poderes que aumentam, vinganças, mortes, intrigas, conflitos de interesses, disputas por poder, e tudo o mais que pode ser desejado por quem gostou dos livros anteriores. E acaba da mesma forma que os anteriores: deixando uma vontade irresistível de ler o próximo.
Quem está gostando da série com certeza vai adorar esse livro, que tem muito mais pontos positivos do que negativos (e provavelmente, o que eu considerei como negativo será apreciado por muitos). Porém, quem leu os outros meio "na dúvida", e está querendo ler este apenas para saber no que vai dar, provavelmente vai achar Brisingr quase insuportável de ler, por causa do ritmo lento. Para essas pessoas, eu aviso que podem pular páginas sem medo nos capítulos "parados", porque no geral nada de importante para a história acontece - apenas irá perder o enriquecimento dos personagens.