segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

Uma Outra Estação

Antigamente eu gostava do verão. Gostava também das outras estações, mas o verão era a minha favorita. Verão era sol, praia, gente, música. Passar horas dentro do mar e levar um bronca por estar pegando o sol de meio-dia. Verão era bom porquê era verão.
Hoje o verão é a única estação que eu detesto. Por quê? Simples: porque verão é sol, aquele sol que deixa a pele ardendo, aquele calor infernal. Verão é praia, praia suja, lotada, cheia de gente sem noção e de carros tocando música baiana no último volume. Verão é gente, muita gente, um bando de turistas sem a mínima educação que viram a cidade de cabeça para baixo. E, claro, verão é música, axé, pagode, samba, funk, música ruim tocada no último volume por pessoas que não estão nem aí se tem gente que precisa dormir ou que não gosta desse tipo de som. Ah, não posso esquecer das crianças, que nunca obedecem quando você manda não sair no sol de meio-dia. Verão é ruim porquê é verão.
Confesso que queria continuar sendo como antigamente. Ter aquela visão simplista, ver sempre o lado bom de tudo. Mas algo mudou. Talvéz o ponto de vista. Esses dias me vi sonhando com uma praia deserta, só para mim, com aquela areia branca e a água muito azul, tendo como trilha sonora uma bela música instrumental. Hoje, minha estação preferida é a primavera, eu acho.
O que significa essa mudança? Crescimento? Acho que não. Conheço pessoas que cresceram antes de mim e que continuam gostando do verão - e de tudo o que ele representa. E é verdade que essa não foi a única coisa que mudou em mim. Acho que passei por uma melhoria interna, seja lá o que isso for. Antes eu gostava daquilo que a maioria gostava, hoje eu gosto daquilo que quero gostar. O que quer que isso represente, me sinto melhor. Pelo menos estou agradando mais a mim do que aos outros.

domingo, 11 de fevereiro de 2007

As Crônicas da Vida: o Balão, a Espuma e o Algodão-Doce

Eu não gosto de balão. Nunca gostei. Me lembro de que, ainda criança, a simples visão de um balão me causava arrepios. Não entendia como podiam enfeitar as festas de aniversário com aqueles seres monstruosos! De longe, eram até bonitinhos: leves, coloridos... Mas de perto eram horríveis. Aquela espécie de plástico, com uma textura irritante, que fazia um barulhinho detestável quando segurávamos... Pior ainda era quando ele estourava. Não sei como nunca morri do coração. Perdi a conta das vezes em que um balão estourou nas minhas pobres mãozinhas. Eu, inocente, ia toda feliz pegar aquele balão que caíra no chão e, assim que encostava, ele explodia como uma bomba, me levando às lágrimas.
Também não gosto de espuma, daquelas que se formam no suco. Enquanto os seres normais a adoram, eu passo horas soprando o café ou o que quer que seja, na esperança de que as bolhinhas desapareçam. Suco com espuma? Só de canudinho. Aliás, o canudinho é a minha salvação. Sem ele, nada de vitamina ou coisa do tipo.
Mas nada é pior do que o algodão-doce. Esse é meu trauma mais inexplicável. Não é que eu não gostasse: eu tinha medo dele. Medo. Terror. Pânico. Desde bebê. A primeira vez que vi um de perto, quase tive um treco. Ele era quase do meu tamanho! Parecia uma nuvem gigante, prestes a me engolir... E quando começava a derreter? Ia se desfazendo, grudando em tudo, caindo em cima de mim... Traumático.
Hoje, controlo melhor os meus traumas. Consigo segurar um balão, sem problemas, por até cinco minutos. Também já consigo me controlar para não ter uma crise de choro quando ele estoura na minha mão. O problema com algodão-doce, eu cheguei bem perto de superar: comi um pedaço de um, aos doze anos. Hoje consigo chegar perto e até segurar um sem grandes problemas. Quanto à espuma... Hoje eu disfarço melhor, mas não tomo nada com espuma, nem que minha vida dependa disso. Mas vou me livrar desse trauma também, é só questão de tempo. Tenho certeza de que, um dia, serei uma pessoa normal. Um dia.